Lançando seu clipe essa semana, conversamos com a vocalista, guitarrista, mãe, professora e por que não dizer ambientalista, Iza Haber sobre sua música e arte.
1) A banda Stigma, que você e o Ivan Jangoux tocaram, fez certo barulhinho na cena rocker local na década passada. Pode-se dizer que a banda "Iza" seria uma continuação daquele trabalho? Ou preferes ver como algo totalmente novo e a parte daquilo tudo?
= Bem, o Stigma cumpriu seu papel comigo,
afinal foi com eles que eu iniciei minha vida musical profissional, foram sete
anos de aprendizado em vários aspectos. Cumpriu também seu papel na cena, falo
sem qualquer medo que nossa juventude e pique nos possibilitaram abrir portas
para uma fatia que andava escondida no início dos anos 2000, as bandas
alternativas. Criamos uma cultura de shows que contribuiu muito para o que veio
acontecer depois, principalmente para a galera “do meio”. Não tínhamos uma
legião de fãs, mas os que curtiam curtem até hoje. Até um ano atrás recebemos
mensagens de pessoas que curtiam o som, pessoas de fora do estado e até mesmo
do país.
Sobre a segunda parte da pergunta, meu
projeto solo jamais foi uma continuação da banda. Óbvio que alguém pode achar
alguma semelhança, afinal, é a mesma voz e o mesmo cérebro compositor atuando.
Entretanto, de lá para cá minhas influências diversificaram um pouco mais e,
justamente por ser um projeto solo, tenho mais liberdade em tudo, processo de
composição e execução, o que não acontece quando se tem uma banda.
2) A banda segue um estilo bem único para mim, pois é uma banda de rock, mas com passagens bem alternativas e até dançantes. Quais suas influências?
= Minhas influências perpassam por vários
estilos de rock, jazz, música eletrônica, fado (oh yah!) e outras coisas que me
encantem. Minha busca é por músicas que me convençam.
3) Hoje em dia é bem mais fácil ter uma banda com uma diretriz mais pop. mas há alguns anos era tudo bem segmentado e separado. Ou se tocava rock pesado, ou o tal MPB. A que deves essa certa abertura que houve? Achas mesmo que hoje está mais fácil?
= Mudança dos tempos. Nossos jovens ainda
são bem estreitos em relação a gostos e coisas do tipo, entretanto, a moda do
liquidificador (misturar vários estilos) ajudou a desentupir a parada.
Entretanto, não sei se hoje está mais fácil, não Jayme. Temos estilos além de
Rock Pesado e MPB, mas aí ainda nos prendemos a escolas, entendes? Ainda
acredito na quebra de barreiras, mas acho que ainda não aconteceu.
4) Uma música lenta, em francês, com toques de industrial. Como foi para terem a louca ideia de me chamarem para participar com meu vocal rasgado (hehe)?
= Pra te ser sincera eu sempre tive vontade
de fazer algum som contigo, mas algo que te fizesse sair da tua zona de
conforto, sabes? Cantar em francês uma balada “eletrorock-industrial” acho que
foi uma boa pedida. Mas a história foi assim: após gravar a música, senti falta
de algo que quebrasse aquela ambiência doce... citamos (Ivan e eu) vários
nomes...até que surgiu o teu. Sinceramente, “Chanson” é uma das minhas músicas
favoritas, teve um processo de composição muito doido e acho que tua
participação ficou marcada na história. :D (NOTA: Também gostei, foi um grande
desafio pra mim e particularmente gosto bastante também dessa música).
5) Nota-se uma preocupação importante com os convidados especiais, tanto nos shows, quanto no próprio CD. Acham as participações de fundamental importância? E quando criam a música, já pensam em que convidado chamar para a mesma?
= Na verdade, os convites vão surgindo de
forma natural. Quando componho uma música, o faço para mim, para meu próprio
deleite e trabalho, mas eu adoro fazer parcerias, principalmente inusitadas.
Acho que foi importante para o 1º disco, pois me deu a chance de trabalhar com
pessoas com quem ainda não havia compartilhado trabalho algum. Não sei se isso
vai rolar no segundo disco, afinal, a proposta será outra. J
6) E esse trabalho novo já está sendo trabalhado ou somente está em pensamento?
= Já tenho 3
composições para esse novo trabalho. Inclusive, não conseguimos segurar e já
tocamos algumas em alguns shows
7) Ivan Jangoux, além de guitarrista na banda, é um excelente produtor, dono de estúdio, mixador... Isso ajuda muito ou não interfere no resultado?
= Ajuda, pois
não pago pra gravar meus discos. Brincadeira! O Ivan ajuda muito. Quase sempre
temos brigas homéricas porque eu teimo com alguns detalhes e ele quer dar outro
caminho, mas no final dá certo.
8) Você costuma trabalhar com bons músicos na banda (Raoni Joseph no baixo, Ivan Jangoux, Carlinhos na bateria, sem contar ex-integrantes, como o guitarrista Luis Sick, o baixista Ariel Andrade (responsável pelo blog Baixo Natural) e o tecladista Caio Mendonça (dono do Estúdio Livre). Como é o processo de composição? Você comanda tudo ou se sente como apenas mais uma integrante numa banda?
= As
composições são todas minhas. Antes de apresentá-las à turma, defino a
atmosfera que pretendo com aquela canção e depois jogo aos leões. Minha equipe
é fantástica e eles conseguem dar o formato perfeito a cada música que recebem
para lapidar. A gente se entende bacana e isso ajuda. Eles sacam os limites e
desejos de cada composição.
9) Falemos de seu 1º clipe. Por que a escolha da música ‘Tênis velho’ para seu 1º clipe?
= Porque ela permitiu juntar elementos que definem
a Iza: filhas, gatos, violão e café da manhã.
10) Justo o 1º clipe oficial é um acústico. Há uma preferência por esse formato?
= Não é que haja
uma preferência. Na verdade, minhas músicas começaram a ser conhecidas no
formato acústico, em programas da rádio Cultura. Por que não lançar o 1o clipe
assim, então?
11) Além das crianças (suas filhas Zoe e Alice), o clipe contém imagens de gatos (7 ao todo). Sabemos que você também é vegetariana. Como é essa relação com esse estilo de vida?
= Olha, eu tive
9 gatos em casa porquê acabo dando lar temporário (nessa muitos ficaram fixos
hehehe) a muitos gatos que se encontravam em situações críticas na rua. É a
forma que tenho de ajudar alguma coisa e tentar amenizar o problema seríssimo
que é a quantidade de animais vagando na rua.
Quanto ao
vegetarianismo, faz um tempo que não me considero vegetariana. Vez ou outra
como bacalhau ou camarão, então, já traí o movimento hehehehe. Procuro manter
uma vida, ao máximo possivel, equilibrada com a natureza. Me preocupo muito com
isso, desde a mesa até a escolha de produtos de empresas que não utilizem
animais como teste. É difícil, mas a gente vai conseguindo fazer algumas
substituições. Acredito que as verdadeiras revoluções sejam feitas assim,
partindo da mudança de pequenos hábitos, em nossas próprias vidas. Assim, me
sinto muito à vontade para discursar sobre o que acredito.
Assistam ao clipe Tênis Velho:
LINK’s: