Conheci
a banda Madame Saatan ainda em seu embrião. Lembro de chegar uma vez para o
ensaio da Delinquentes no extinto estúdio Zíngaro, do Zé Mário e ver o próprio (que na época tocava na banda), Ícaro
Suzuki e Sammliz Samm ensaiando, sem baterista, e ela empolgada veio me contar que tratava-se de uma banda autoral nova. Até então, tocavam no
Barbarella, de cover. Logo de cara, a banda mostrou seu potencial. Lembro com
muito orgulho de ter visto a banda crescer numa velocidade meteórica, desde
os primeiros shows, em ananindeua ou na Scorpions, até os mega eventos da
cidade. Tive muito orgulho de chama-los várias vezes para tocar, como no
lançamento de nossa demo Matança de Animais, na rockeirosa Scorpions. Outro show
que marcou muito para mim na época, foi o do lançamento do zine Pirulito, em
que tocamos juntos no porão de um barco em movimento pela baía do Guajará.
Nesse dia, levaram uma música nossa, "O Viciado", numa versão ledzeppeliniana que ficou muito foda.
Dando um pulo gigantesco no tempo, em 2012, Sammliz veio diretamente de São
Paulo, aonde estava residindo com a banda nessa época, unicamente para
participar da gravação do nosso DVD Planeta dos Macacos. A praça da república
ficou em êxtase. Impossível não lembrar do episódio do festival Yamada,
quando proibiram a banda de tocar com o nome completo, ficando no cartaz apenas
o 1º nome da banda e retirando o "maléfico" por entendimento deles, do Saatan. Sim, já fomos mais provincianos ainda.
Gostem
ou não da banda (e isso é um direito de qualquer pessoa), há de se reconhecer a
importância do Madame Saatan para a cena rock da nossa cidade. Nem uma outra
conseguiu alcançar voos tão altos. Isso inclui desde as nossas pioneiras até as
que tocaram fora do país. Afinal, não é fácil partir com mala e cuia pruma
cidade como São Paulo, morar todos apertados na mesma casa, encostando toda sua
antiga vida e seu próprio futuro pessoal que vai sendo planejado desde criança.
Não a toa, eu sempre citava a mesma em entrevistas, como sendo um exemplo do
que uma banda com metas deveria ser. Também não por acaso, em nossas reuniões
internas da Delinquentes, o Madame vez ou outra era citado como exemplo. Desde
presença de palco até a parte de produção da banda (interna e externa), tudo
para mim servia como um exemplo.
Para
mim, e digo mais como fã do que como amigo, infelizmente a banda não superou
sua maior perda, que foi a saída do baixista Ícaro Suzuki, mesmo com toda a
presença do gente boa Vinícius. Há quem cite também o saudoso e sempre bem
humorado Ivan Vanzar. Opiniões que devem ser respeitadas e / ou discordadas.
Mas com certeza quem acompanhou a banda com aquela formação, sabe do que estou
falando e talvez muitos concordem, mesmo com todo o peso e eficiência da atual
fase, que com certeza também tem seu mérito.
Não
sei qual foi o principal motivo para anunciarem essa semana que a banda estaria
dando um tempo, pegando muitos dos novos e velhos fãs com um susto. Apesar de
várias explicações no site e na página da banda, sempre ficam dúvidas no ar.
Mas acho que de certo mesmo, todos sabem que uma hora, com tantas batalhas e
vitórias, todos precisam uma hora "respirar". Não seria diferente
para a vocalista Sammliz, que almeja nesse momento focar em seu projeto solo.
Aproveitaram para soltar um vídeo novo e músicas inéditas para download,
incluindo a tanto pedida nos shows "Caos".
Acabando
ou dando um tempo, desejamos boa sorte aos novos horizontes dos integrantes (Ícaro também já está tocando com o Carcaça de Playboy enquanto o Wagner Nugoli está com o fuderoso Rennegados), tendo a
certeza que escreveram com letra maiúscula seu nome (dessa vez completo e sem
censura) na página da música local. Retribuindo as próprias palavras da Sammliz
na ocasião da gravação do nosso DVD: "MÁXIMO RESPEITO A FAMÍLIA MADAME
SAATAN".
Abaixo o vídeo homenagem de despedida (feito pelo eficiente produtor deles Bernie), em que mostram várias fases da banda, além de cenas inéditas de gravações e shows.