quinta-feira, 24 de abril de 2014

Madame Saatan: Dever cumprido (e que venha mais)


Conheci a banda Madame Saatan ainda em seu embrião. Lembro de chegar uma vez para o ensaio da Delinquentes no extinto estúdio Zíngaro, do Zé Mário e ver o próprio (que na época tocava na banda), Ícaro Suzuki e Sammliz Samm ensaiando, sem baterista, e ela empolgada veio me contar que tratava-se de uma banda autoral nova. Até então, tocavam no Barbarella, de cover. Logo de cara, a banda mostrou seu potencial. Lembro com muito orgulho de ter visto a banda crescer numa velocidade meteórica, desde os primeiros shows, em ananindeua ou na Scorpions, até os mega eventos da cidade. Tive muito orgulho de chama-los várias vezes para tocar, como no lançamento de nossa demo Matança de Animais, na rockeirosa Scorpions. Outro show que marcou muito para mim na época, foi o do lançamento do zine Pirulito, em que tocamos juntos no porão de um barco em movimento pela baía do Guajará. Nesse dia, levaram uma música nossa, "O Viciado", numa versão ledzeppeliniana que ficou muito foda. Dando um pulo gigantesco no tempo, em 2012, Sammliz veio diretamente de São Paulo, aonde estava residindo com a banda nessa época, unicamente para participar da gravação do nosso DVD Planeta dos Macacos. A praça da república ficou em êxtase. Impossível não lembrar do episódio do festival Yamada, quando proibiram a banda de tocar com o nome completo, ficando no cartaz apenas o 1º nome da banda e retirando o "maléfico" por entendimento deles, do Saatan. Sim, já fomos mais provincianos ainda.
 
Gostem ou não da banda (e isso é um direito de qualquer pessoa), há de se reconhecer a importância do Madame Saatan para a cena rock da nossa cidade. Nem uma outra conseguiu alcançar voos tão altos. Isso inclui desde as nossas pioneiras até as que tocaram fora do país. Afinal, não é fácil partir com mala e cuia pruma cidade como São Paulo, morar todos apertados na mesma casa, encostando toda sua antiga vida e seu próprio futuro pessoal que vai sendo planejado desde criança. Não a toa, eu sempre citava a mesma em entrevistas, como sendo um exemplo do que uma banda com metas deveria ser. Também não por acaso, em nossas reuniões internas da Delinquentes, o Madame vez ou outra era citado como exemplo. Desde presença de palco até a parte de produção da banda (interna e externa), tudo para mim servia como um exemplo.

Para mim, e digo mais como fã do que como amigo, infelizmente a banda não superou sua maior perda, que foi a saída do baixista Ícaro Suzuki, mesmo com toda a presença do gente boa Vinícius. Há quem cite também o saudoso e sempre bem humorado Ivan Vanzar. Opiniões que devem ser respeitadas e / ou discordadas. Mas com certeza quem acompanhou a banda com aquela formação, sabe do que estou falando e talvez muitos concordem, mesmo com todo o peso e eficiência da atual fase, que com certeza também tem seu mérito.

Não sei qual foi o principal motivo para anunciarem essa semana que a banda estaria dando um tempo, pegando muitos dos novos e velhos fãs com um susto. Apesar de várias explicações no site e na página da banda, sempre ficam dúvidas no ar. Mas acho que de certo mesmo, todos sabem que uma hora, com tantas batalhas e vitórias, todos precisam uma hora "respirar". Não seria diferente para a vocalista Sammliz, que almeja nesse momento focar em seu projeto solo. Aproveitaram para soltar um vídeo novo e músicas inéditas para download, incluindo a tanto pedida nos shows "Caos".

Acabando ou dando um tempo, desejamos boa sorte aos novos horizontes dos integrantes (Ícaro também já está tocando com o Carcaça de Playboy enquanto o Wagner Nugoli está com o fuderoso Rennegados), tendo a certeza que escreveram com letra maiúscula seu nome (dessa vez completo e sem censura) na página da música local. Retribuindo as próprias palavras da Sammliz na ocasião da gravação do nosso DVD: "MÁXIMO RESPEITO A FAMÍLIA MADAME SAATAN".

Baixe o EP comemorativo 11 Anos AQUI.

Abaixo o vídeo homenagem de despedida (feito pelo eficiente produtor deles Bernie), em que mostram várias fases da banda, além de cenas inéditas de gravações e shows.














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