A Terror Revolucionária foi formada em fevereiro de
99 por Thiago Cardoso (guitarra), Jefferson (bateria), Fellipe CDC (vocal) e o Homem-Palco (baixo, posteriormente substituído
pela Adriana Drikaos que está até hoje). Véspera de completar seus 15 anos e
comemorarem sua valsa do caos, a banda candanga, nas vozes do Fellipe CDC e
Thiago Cardoso nos contam mais detalhes da banda e dessa que já é um patrimônio
do hardcore brasiliense.
Fellipe CDC:
15 anos. Um bom tempo para quem está na ativa desde o início da banda. Como foi o início da Terror Revolucionário? Aliás, ela foi a sua 1ª banda?
Fellipe CDC: Não, cara, não foi. Tem a Death Slam
que começou em outubro de 1990 (e está na ativa até hoje!) e antes da DS ainda
toquei com uns amigos em duas outras bandas: Cursed e HCS. Antes da Terror
ainda teve um projeto chamado Teratogênia, no qual a Adriana (baixista da TR)
tocávamos juntos. A idéia de montar a banda partiu do Barbosa. Ele trouxe o
nosso primeiro baixista, o saudoso e querido Homem Palco e eu trouxe nosso
eterno batera, o Jeferson Hellmatismo. No primeiro ensaio já saíram uns 6 sons,
foi uma química muito boa e imediata. Fazíamos um som mais cru no começo, bem
HC punk mesmo com muitas doses de grind. Todos esses estilos nos acompanham e
nos acompanharam a vida toda, mas agora percebesse uma influência metal aqui e
ali em alguns sons. Barbosa está muitoooo metaleiro! (risos)
Como era a cena em Brasília na época? O que mudou
de lá pra cá?
= Fellipe CDC: Muitas bandas acabaram e hoje os shows
estão bem mais vazios, algo que é extremamente preocupante. Também temos menos
espaços para realizar eventos, os custos das produções ficaram mais onerosas e
as exigências burocráticas (mErCAD, alvarás, etc) estão bem mais rígidas, ou
seja, só louco para tentar fazer evento na Capital do Brasil.
Como é o trabalho de composição na banda?
= Barbosa é o nosso grande maestro. Ele compõe a maioria das
músicas, eu escrevo a maioria das letras, mas nada impede que tudo isso se
inverta. Temos músicas da Adriana, letras da Adriana, tem músicas minhas, tem
letra do Capitão, mas todo mundo opina e dá seus palpites na construção de
qualquer canção, seja ela boa ou ruim. Temos também músicas que amigos nossos
fizeram para a gente, letras também e sons compostos pelos ex-integrantes Neno
e Homem Palco e também letra da Carol. Somos uma banda bem aberta mesmo!
Você está sempre envolvido em shows com bandas de
fora e até mesmo festivais (como o Ferrock, por exemplo). Como é que você
divide seu tempo organizando tantas coisas, aliando a seu tempo de trabalho,
família, etc.
= Puts, estou em tempo de endoidar,
cara. Sério mesmo! E o pior é que quanto mais você nada contra a maré, mas você
teima em tentar vencê-la, por maior que ela surja. Organizar eventos é ter uma
forte conexão com o NÃO. NÃO é a palavra que um produtor mais deve escutar na
vida! Tenho a mesma companheira há mais de 24 anos, ela me suporta e me ajuda
demais. Se fosse outra com certeza já tinha me mandado para a casa do caralho
há muito tempo! E, sem preconceito nenhum, é uma casa que eu não tenho a mínima
vontade de conhecer! (risos).
Nesse show de aniversário, as bandas convidadas tem algum laço histórico e de amizade com a Terror, ou foram bandas aleatórias da cena atual?
Nesse show de aniversário, as bandas convidadas tem algum laço histórico e de amizade com a Terror, ou foram bandas aleatórias da cena atual?
= Sim, com certeza. São de nossos
amigos, bandas que gostamos dos sons e músicos que costumam freqüentar outros
shows. Temos uma preocupação de fortalecer o vínculo, a amizade dentro da cena.
Acho que será nosso 4º Terror Fest e nunca repetimos as bandas, sempre são
bandas diferentes evitando ficar alguma espécie de panela ou algo parecido. Tem
também o aspecto ideológico, não chamamos bandas com veias religiosas,
machistas, nacionalistas e outras merdas parecidas.
- Se pudesse ter um poder mágico de mudar as
coisas, o que mudaria na atual cena daí (se é que algo precisa ser mudado)?
= Sim, amigo, tem muita coisa para ser
mudada, muita mesmo. A coisa mais urgente é tirar as pessoas de casa de novo,
levá-las para as ruas, para sentir o calor e o cheiro das ruas. As pessoas não
vão mais para shows, ficam em suas casas, trancadas e perdendo tempo falando
mal umas das outras pela internet. Perca de tempo! Faria também os músicos
prestigiarem outras bandas. Faria uma norma que uma banda / pessoa ajude
obrigatoriamente outra banda / pessoa. Reviveria um monte de bandas que foram
extintas e todos os zines em papel! Acho que essas coisas já surtiram boas
vibrações e mudanças significativas. Muito obrigado por seu apoio e por sua
amizade durante todos esses anos. E, olha, queremos demais tocar aí no norte do
país!!! Abraços e felicidades para todos. Apareçam no Terror Fest (8/2/14)!
Thiago Cardoso:
Há 15 anos atrás, montastes a Terror Revolucionário. Qual era sua ideia na época ao montar uma banda de hardcore e se você montasse a mesma hoje, seria como a banda é atualmente?
Então, montamos a banda em fevereiro de 1999. Antes, já tive outra banda que
durou pouco tempo e que fez alguns shows. Eu sempre tive vontade de tocar numa
banda com um som mais porrada. Eu e o Homem-palco (primeiro baixista) já
estávamos combinando de fazer uns sons na pegada do Olho Seco e das músicas da
coletânea Sub, que a gente ouvia bastante nessa época. Eu trabalhava numa loja
de disco de rock no Conic e lá conheci o Fellipe CDC, que certa vez me convidou
pra tocar no Death Slam. Acontece que fiquei com medo de não dar conta e nem
dei uma resposta pra ele. Mas logo combinamos de fazer um ensaio e fazer um
barulho: eu, Homem-palco, Fellipe CDC e o Jeferson, baterista que o CDC
conhecia e o convidou. Logo de cara no primeiro ensaio a química foi perfeita.
Já fizemos umas 4 músicas e ficamos bem empolgados. Caso rolasse hoje de montar
a banda, acho que não mudaria muita coisa não. Nossas influências se
expandiram, evoluímos um pouco como músicos, mas a vontade de tocar esse som
carniça é a mesma de 15 anos atrás.
Em tempo, por que
Terror Revolucionário?
= Na saída do estúdio Caverna, local desse primeiro ensaio, o Fellipe CDC
já lançou esse nome. Todos na hora curtiram a ideia. Terror Revolucionário era
um impresso marginal distribuído na época da Revolução Francesa.
Há uma citação de Karl Marx também pra esse nome: Segundo Marx, (Nova Gazeta
Renana, 11 de julho de 1848), "só existe um modo pelo qual as agonias
assassinas de morte da velha sociedade e o nascimento sangrento da nova
sociedade pode ser encurtado, simplificado e concentrado, e esse modo é o
terror revolucionário".
A primeira impressão
que temos da banda, é que há um coleguismo grande na mesma. Achas importante
para uma banda sobreviver há tanto tempo com quase a mesma formação do início?
= Com certeza!!! Temos um respeito e amizade muito grande dentro da banda.
Eu (Barbosa), Jeffer e Fellipe CDC estamos juntos desde o início. Adriana se
juntou a 10 anos quase. Essa formação é perfeita. Sempre dei maior valor a
bandas que tem sua formação estabilizada por muitos anos. Posso citar como
exemplo: Sick of it all, Napalm Death, Cólera (com o Redson).
Quais os shows mais
porradas da Terror Revolucionário?
= Porra, já fizemos nesses 15 anos um total de 210 shows. Nunca fizemos uma
grande turnê! Sempre shows picados, com no máximo 3 shows na sequência. Já
foram inúmeros shows fodas e marcantes. Vou citar alguns lugares que sempre é
divertido e insano tocar: Gama/DF, Formosa/GO e Goiânia/GO. Pessoal foda e
shows locurama.
15 anos muda muita
coisa, inclusive as influências e consequentemente, a sonoridade. O que escutam
hoje e o que carregam disso para o som da banda?
= Com certeza evoluímos muito como pessoas e musicalmente. Cabeça mais
aberta, novas ideias. Mas na banda aplicamos aquilo que gostamos desde o
início: influências de som punk/hardcore/grind e metal. Eu particularmente
nesse momento tenho escutado muito Poison Idea, Corrosion of Conformity, Abuso
Sonoro, Graveyard, Black Sabbath. É o que tem rolado no meu som nas últimas
semanas.
= Atualmente o Terror Revolucionário é
minha única banda. Já teve momentos que tive 4 bandas ao mesmo tempo. Toquei
também no Mayombe, Innocent Kids e Possuído pelo Cão. Cada banda teve seu tempo
de maior dedicação, mas nunca teve dessa de mais importante. Acho até que o
Terror Revolucionário sempre foi a que teve uma regularidade maior em suas atividades
(ensaios, shows).
Percebe-se que a
comemoração do niver já começou, com posts antigos sobre a história da banda,
incluindo imagens raras do início. Pretendem fazer algo mais além disso e do
show? Tipo, algum lançamento novo ou mesmo relançamento (quem sabe até mesmo um
DVD ou vinil, é só uma ideia, hehe)?
= Tem sido muito divertido relembrar a história da banda com relatos de
cada época, das formações antigas e postando fotos que fui achando e que alguns
colaboradores vão resgatando também. Poxa, são 15 anos de atividade sem parar.
Muita história, inúmeras lembranças. Estamos preparando um show especial com um
set list imenso que vai dar trabalho pros véios da banda. Hahahaha
Devem aparecer nesse show antigos integrantes, amigos que de alguma forma devem
participar com a gente no palco.
Temos um disco novo gravado, esperamos que saia em breve. São 18 músicas
novas. Esse disco se chama Mr. Crack!
Esperamos ainda que nesse ano saia um disco que está pronto desde 2006. Deve
sair em split com a banda Death From Above (Goiânia/GO).
Quem quiser conferir o evento no facebook – Terror Revolucionário 15 Anos.
Lá tem rolado várias postagens sobre esse show de 15 anos, muita história e
fotos antigas.
Dia 08/02/2014 – Terror Revolucionário 15 anos
Local: Círculo Operário do Cruzeiro Velho/DF
Participação das bandas: Reincidents, Considered Dead, Kurgan, Suicídio
Coletivo e Securitate (Machado/MG).
Valeu pela oportunidade, Jayme!
Abraços libertários e revolucionários,
Barbosa Osvaldo/Terror Revolucionário
- Coletânea CD O Progresso da Regressão (2000)
- EP 7’ split Death Slam (2000)
- Coletânea CD Noise for Deaf III (2001)
- Coletânea CD Unidos pela Causa Underground (2002)
- CD debut Terror Revolucionário (2002)
- K7 live split Coche Bomba (França) (2004)
- Coletânea CD-R Destroy Music Now ! (2004)
- DVD-R Convocação Terrorista (2006)
- CD-R Tributo ao Karne Krua (2006)
- Coletânea Virtual / CD-R Tributo ao Rock Brasília (2006)
- CD Tributo ao ARD (2006/ 2007)
- Coletânea CD-R Show Coletivo Underground (2007)
- Coletânea CD-R Who Cares? Zine Vol. 1 (2007)
- CD Tributo ao Besthoven (2008)
- DVD Darge (Japão) – Ódio Brazil Tour 2010 (2011)
- CD Tributo ao Discharge (2011) - EP 7′ split Defy (2011)
- Coletânea CD-R 1º Festival Mundano (2011)
- CD Tributo a Pastel de Miolos (2013)
Conheça a banda:
- K7 live split Coche Bomba (França) (2004)
- Coletânea CD-R Destroy Music Now ! (2004)
- DVD-R Convocação Terrorista (2006)
- CD-R Tributo ao Karne Krua (2006)
- Coletânea Virtual / CD-R Tributo ao Rock Brasília (2006)
- CD Tributo ao ARD (2006/ 2007)
- Coletânea CD-R Show Coletivo Underground (2007)
- Coletânea CD-R Who Cares? Zine Vol. 1 (2007)
- CD Tributo ao Besthoven (2008)
- DVD Darge (Japão) – Ódio Brazil Tour 2010 (2011)
- CD Tributo ao Discharge (2011) - EP 7′ split Defy (2011)
- Coletânea CD-R 1º Festival Mundano (2011)
- CD Tributo a Pastel de Miolos (2013)
Conheça a banda: